Criança fica uma semana intubada em pronto-socorro de SP por falta de UTI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um menino de 1 ano passou uma semana intubado no pronto-socorro do Hospital Regional de Cotia (SP), com um quadro de bronquiolite e pneumonia, à espera de uma vaga de UTI pediátrica.

Segundo médicos, há um apagão de vagas pediátricas no estado devido a um aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave, associada ao vírus sincicial respiratório (VSR).

Segundo relata um médico da unidade ouvido pela reportagem, que pediu para não ser identificado, não há vaga de UTI pediátrica no estado de São Paulo e, por isso, não havia opção para onde encaminhar a criança.

Sem os recursos adequados, o estado de saúde da criança foi piorando ao longo da semana, conta. A saturação chegou a 33% –o normal é igual ou acima de 95%–, e o coração chegou a 200 batidas por minuto, quando deveria ser de 130, no máximo.

Outro médico, vinculado a um hospital municipal, diz que nas últimas semanas há uma queixa generalizada de falta de vagas de UTI neonatal e pediátrica.

Na noite desta segunda (1º), a Secretaria de Estado da Saúde informou que o paciente seria transferido para o Hospital Cândido Fontoura para “seguir tratamento em UTI pediátrica”.

A medida ocorreu após a Folha de S.Paulo questionar o secretário estadual de Saúde, Eleuses Paiva, sobre um eventual apagão de vagas de UTI pediátrica e informá-lo sobre o drama do menino.

Paiva negou que haja colapso de vagas estaduais, mas diz que houve aumento da pressão nas urgências, emergências e UTIs dos hospitais devido à circulação do vírus respiratório.

“Temos a circulação do vírus sincicial respiratório, não só em São Paulo mas em outros estados do Sul e do Sudeste. Ele tem acometido crianças e neonatos causando um quadro de insuficiência respiratória, precisando de intubação. Em geral, a evolução é boa”, afirmou.

Segundo o secretário, a rede estadual tem ampliado as vagas de UTI pediátrica e neonatal, e nos próximos dias a tendência é de arrefecimento do número de casos da síndrome viral.

“Essa epidemia já data de uns 30, 40 dias, e nós acreditamos que estamos na fase final dela. Em 15, 20 dias, nós estaremos saindo dessa fase.”

A avó, Adriana Silva, disse que no último dia 23 o menino apresentou um quadro de falta de ar e foi levado rapidamente para o pronto-socorro do hospital de Cotia.

“Ele foi internado e na terça já intubaram. Depois, disseram que ele estava com água no pulmão e colocaram um dreno. Depois falaram que ele tinha uma infecção devido ao dreno.”

Adriana conta que, com a piora do quadro de saúde, a criança chegou a ser transferida de ambulância na madrugada de domingo (30) para um hospital de Itapecerica da Serra, que tem UTI pediátrica.

“Chegando lá, disseram que não tinha vaga, e a ambulância voltou com o menino de novo para Cotia. Ele está com sonda nasogástrica, ligado a um monte de aparelhos. Fica esse jogo de empurra-empurra. É desesperador.”

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Prefeitura de SP libera vacina bivalente contra Covid para 40 anos ou mais

(FOLHAPRESS) – A Prefeitura de São Paulo vai estender a vacinação contra a Covid-19, com a Pfizer bivalente, para o público de 40 anos ou mais, a partir desta quarta-feira (3).

Desde a última quarta (26), o público com mais de 50 anos já estava liberado para receber o reforço com a Pfizer bivalente.

De acordo a Secretaria Municipal da Saúde, a cidade tem 1.740.174 pessoas nessa faixa etária elegíveis para a vacinação.

O Ministério da Saúde liberou a vacinação para com esse imunizante para todas as pessoas acima de 18 anos na segunda (24). Cada estado e município, porém, tem liberdade para definir quais grupos podem receber as doses por enquanto.

Devido à falta de doses, a Prefeitura de São Paulo anunciou na terça (25) que a imunização estava liberada apenas para o público com mais de 50 anos. Outras capitais, como o Rio de Janeiro, já autorizaram a vacinação de toda a população com mais de 18 anos.

A gestão Ricardo Nunes (MDB) afirma que recebeu 161 mil doses adicionais para ampliar a imunização na cidade.

O Governo de São Paulo anunciou que começou, na última quarta, a distribuir 600 mil doses da vacina bivalente contra a Covid-19 para os 645 municípios do estado. A quantidade é insuficiente para atender o público-alvo de 23 milhões de pessoas em todo o estado.

A população acima de 18 anos pode se inscrever na chamada “xepa” para recebimento da vacina, caso haja dose remanescente próximo ao fim das atividades diárias das unidades. A inscrição deve ser feita na UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima da residência.

Atualmente, a vacina contra a Covid-19 Pfizer bivalente está disponível ainda para pessoas maiores de 12 anos com imunossupressão ou com comorbidades, indígenas, gestantes e puérperas, residentes em Instituições de Longa Permanência e funcionários desses equipamentos da cidade de São Paulo, profissionais da saúde, pessoas com deficiência física permanente, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional, além da população em situação de rua.

A vacinação contra Covid-19 com outros imunizantes continua em todas as faixas etárias a partir dos seis meses de idade. A primeira dose de reforço é aplicada a partir dos três anos e a segunda dose de reforço em toda a população acima de 18 anos, sempre respeitados quatro meses de intervalo. Também a partir dos 18 anos está disponível a terceira dose de reforço para pessoas imunossuprimidas.

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Médico morre afogado em SC às vésperas de ir fazer residência nos EUA

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O médico Rafael Medina, 31, morreu afogado na praia dos Ingleses, em Florianópolis (SC), durante um passeio com seis amigos antes de viajar para os Estados Unidos, onde faria residência.
Medina foi levado pela correnteza ao se banhar na praia dos Ingleses por volta das 17h do último domingo (30). Ele foi encontrado submerso nas águas, foi socorrido, mas não resistiu e morreu. As informações são do Corpo de Bombeiros.

Natural do Paraná, Rafael se formou em medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá) em setembro de 2022, e se preparava para ir fazer residência em clínica médica na Universidade do Colorado, nos EUA.

A viagem para o país norte-americano havia sido celebrada pelo médico em postagem nas redes sociais. “Nunca deixe as pessoas dizerem que seus sonhos são grandes demais para você. De filho de costureira e vendedora de doces, crescido na zona rural brasileira até futuro médico residente de clínica médica na Universidade de Colorado, nos EUA”, escreveu.

Um dos amigos que viajou com Medina para Florianópolis durante o feriado chamou a morte do médico de “fatalidade”. “Uma fatalidade aconteceu em nossa viagem e estou tentando processar isso até agora. Meu amigo Rafael acabou sendo levado por uma correnteza forte e se afogou. Foi atendido, mas acabou não resistindo”, escreveu em uma postagem do médico na internet.

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São Paulo terá tardes de sol e tempo seco até sexta-feira

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O paulistano terá tardes agradáveis de sol e calor nos próximos dias, prevê o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Os termômetros podem marcar até 29ºC nos próximos dias.

Por outro lado, de acordo com o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da Prefeitura de São Paulo, o ar seco vai favorecer a redução dos índices de umidade relativa do ar.

Nesta terça (2), a temperatura máxima deverá chegar aos 27°C nas horas mais quentes do dia, enquanto os percentuais mínimos de umidade relativa do ar giram em torno dos 40%.

“O dia vai terminar com ligeiro aumento da nebulosidade no fim da tarde, mas sem previsão de chuva para a região metropolitana e para a capital”, diz o CGE, em nota.

A quarta (3) terá madrugada com termômetros, em média, na casa dos 17°C, céu nublado e amanhecer com sol. No decorrer do dia deve ocorrer rápida elevação das temperaturas, chegando a uma máxima prevista de 28°C, com percentuais mínimos de umidade relativa do ar ao redor dos 38%.

Na quinta-feira (4), segundo o Inmet, a umidade relativa do ar deve cair para 30% e a temperatura máxima pode bater nos 29ºC.

A situação deve começar a mudar na sexta (5), quando está prevista a chegada de uma frente fria, há possibilidade de chuva isolada e a máxima deve cair para 24ºC.

No litoral, a situação é a mesma. Em Santos, na Baixada Santista, por exemplo, só deve voltar a chover na sexta-feira. Entretanto, durante a semana há previsão de muitas nuvens.
Em Ubatuba, no litoral norte, o sol deverá aparecer entre nuvens todos os dias, e com intensidade fraca de ventos, até sexta, quando há previsão de chuva isolada.

No Sul do país, a chegada de uma frente fria no começo desta semana deve provocar pancadas de chuva já a partir desta terça no Rio Grande do Sul, onde chove ao menos até sexta. A temperatura, porém, fica amena no período da tarde, com máximas que devem oscilar entre 21ºC e 24ºC na capital Porto Alegre.

Em Florianópolis, a chuva deve chegar na quarta-feira e deve prosseguir ao menos até o fim da semana.

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São Paulo tem primeiro caso da variante Arcturus da Covid-19

Nesta segunda-feira (1º), a prefeitura de São Paulo confirmou o primeiro caso da variante XBB.1.16 da Covid-19, também conhecida como arcturus. O paciente é um homem de 75 anos com comorbidades, que foi atendido em um hospital privado após apresentar sintomas de síndrome gripal e febre em abril. Ele já recebeu o esquema vacinal completo contra a Covid-19.

A variante está sendo monitorada pela Organização Mundial da Saúde como uma variante de interesse e até o momento não apresentou gravidade ou aumento no número de casos na cidade.

Os principais sintomas da nova variante incluem irritação nos olhos, tosse seca e episódios febris.

A Secretaria Municipal da Saúde ressalta a importância de completar o esquema vacinal, inclusive com a Pfizer bivalente, para se proteger contra formas graves da doença.

A vacinação está disponível para pessoas acima de 50 anos, pessoas maiores de 12 anos com imunossupressão ou com comorbidades, indígenas, gestantes e puérperas, residentes em Instituições de Longa Permanência e funcionários desses equipamentos da cidade de São Paulo, profissionais da saúde, pessoas com deficiência física permanente, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional, além da população em situação de rua.

A “xepa” da vacina está disponível para pessoas acima de 18 anos cadastradas previamente na Unidade Básica de Saúde de referência, caso haja doses remanescentes ao final do dia.

Até o momento, foram aplicadas 1.248.675 doses do imunizante na capital. As vacinas estão disponíveis das 7h às 19h em todas as UBSs e AMAs/UBSs Integradas, de segunda a sexta-feira, e nas AMAs/UBSs Integradas aos sábados, no mesmo horário.

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Saiba quais as 3 cidades brasileiras mais inteligentes do mundo

Três cidades brasileiras estão entre as mais inteligentes do mundo, segundo o Ranking Connected Smart Cities, divulgado anualmente. A lista leva em consideração aspectos urbanos como sustentabilidade, criatividade, sensores eletrônicos e tecnologia para melhorar a qualidade de vida dos habitantes. São Paulo, Curitiba e Florianópolis foram as cidades brasileiras destacadas na última edição do ranking, divulgada em outubro do ano passado.

A cidade de São Paulo é referência em tecnologia de ponta e inovação. Com mais de 99% da população com acesso à tecnologia 4G, a capital paulista se destaca em serviços digitais e automatizados, como cadastros e agendamentos online, além de ser referência em acessibilidade e mobilidade, com bilhete eletrônico no transporte público.

Curitiba, capital do Paraná, é conhecida pela padronização de tecnologia disponível para a população e tecnologia em mobilidade e no trânsito, além da disponibilização de serviços digitais, como bibliotecas eletrônicas, aplicativos na área da saúde pública e escolas de robótica.

Já Florianópolis, localizada no estado de Santa Catarina, destaca-se na acessibilidade digital e na oferta de tecnologia aos estudantes, com destaque na economia e educação. A cidade busca crescer e se destacar cada vez mais no mercado tecnológico nacional e internacional.

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CLT 80 anos: modernização como justificativa para redução de direitos

De estabilidade para trabalhadores com 10 anos de serviço para a criação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). De horas extras pagas no salário, para banco de horas. De carteira assinada com garantias trabalhistas, para contrato por demanda. Essas foram algumas das alterações da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ao longo do tempo.

Nesta segunda-feira (1º) é celebrado os 80 anos da CLT. A legislação foi criada pelo Decreto-Lei 5.452 de 1943 e sancionada pelo presidente Getúlio Vargas, durante o Estado Novo. A CLT unificou a legislação trabalhista existente no país até então.

Neste marco, a Agência Brasil publica reportagem especial que retoma os antecedentes históricos para a conquista desses direitos, as mudanças ao longo do tempo e o atual cenário do Mundo do Trabalho, especialmente diante da digitalização. Especialistas analisam a legislação trabalhista do país e ressaltam a deterioração de direitos com a Reforma Trabalhista de 2017, apontada como uma das mais drásticas da história.

A arquiteta Marina* sentiu de perto esses impactos. Ela já trabalhava sem carteira assinada, quando informou à empregadora que estava grávida, em 2019. “Falei: mas fica tranquila que eu vou continuar trabalhando até o bebê nascer. Poucos dias depois, veio falar que estavam reformulando a empresa e que iam fazer um esquema de todo mundo ser PJ [pessoa jurídica]. Deu uma desculpa de que isso era melhor pra todo mundo. Típica pejotização”, contou.

Para a arquiteta, “a tal modernização da empresa, para otimizar os processos, nada mais era, e é, do que um desestímulo à maternidade. Tem um valor social que não é considerado.”

Na avaliação da socióloga Maria Aparecida Bridi, pesquisadora da Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista (Remir), a modernização é “falsa”.

“Retirou-se direitos, fragilizou-se direitos, buscou-se enfraquecer. A legislação trabalhista, a CLT, tem esse papel contra a exploração, colocando limites na exploração do trabalho. E houve uma fragilização dessa legislação. Você retoma uma situação de exploração sem limite, reduzindo conquistas que foram arduamente conquistadas pela classe trabalhadora ao longo de todo esse tempo”, avalia.

Para a desembargadora aposentada do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), Magda Biavaschi, as reformas que vieram depois de 2016, sobretudo o teto de gastos, a reforma da Previdência, especialmente a reforma trabalhista, aprofundaram a desigualdade no mundo do trabalho. “Não só a reforma trabalhista, mas a lei da terceirização, as duas de 2017, fizeram aprofundar, legalizando formas espúrias de contratação, como o autônomo exclusivo, isso é uma excrescência. Se ele é contratado para satisfazer as necessidades básicas do contratante, ele não é autônomo, ele é subordinado e, portanto, ele é um empregado.”

Segundo ela, o autônomo exclusivo – profissionais que prestam serviços para uma única empresa, sem que isso seja caracterizado como vínculo empregatício – e a ampliação da terceirização para todas as atividades são um grande fator de precarização e “se mostram inclusive como um locus em que há uma tênue distinção, hoje em dia, entre terceirização e escravização, o trabalho escravo.”

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, conhecido como Juruna, citou uma das primeiras mudanças, ocorrida durante a ditadura militar: a substituição da lei que garantia estabilidade no emprego após 10 anos registrado em uma mesma empresa pela criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Segundo ele, a mudança incentivou a rotatividade da força de trabalho.

No entanto, ele considera que “ainda pior foi o que aconteceu nos governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro. Com alteração de mais de 200 dispositivos, seguida por outras minirreformas, a Lei nº 13.467/2017 [reforma trabalhista] inaugurou o maior desmonte em toda a história da legislação.”

Segundo a pesquisadora Maria Aparecida Bridi, a primeira onda entre as principais reformas da CLT ocorreu no governo militar, em 1967, justamente com o fim da estabilidade dos trabalhadores em troca do FGTS. “Trouxe uma alteração importante para a classe trabalhadora, porque é um momento em que o trabalhador perde estabilidade. E, naquele contexto, lembra que os trabalhadores, os movimentos, a organização sindical, estavam sob pressão e sob controle e vigilância do regime ditatorial.”

Na década de 1990, a pesquisadora aponta a ocorrência de uma segunda reforma de peso, com as políticas neoliberais adotadas no contexto do governo FHC. “Ali, ele já fez um conjunto de mudanças trazendo uma flexibilização na legislação, introduzindo pautas como a possibilidade do banco de horas, flexibilizando jornada, flexibilizando inclusive remuneração.”

Para Bridi, tais mudanças foram pautadas por uma ideologia em que os atores políticos e econômicos buscaram impor medidas redutoras de direitos do trabalho, relacionadas ao processo de inserção do Brasil numa globalização neoliberal.

“O mundo vinha num contexto das crises desde os anos 70, em que as empresas passaram por um processo de reestruturação produtiva e um discurso neoliberal forte de que precisa dar liberdade para o capital, para as empresas. E os contratos de trabalho por tempo indeterminado, por exemplo, trazia uma ‘certa rigidez’, digamos assim, e que o capital precisava de flexibilidade, da possibilidade de descartar mão de obra mais fácil, então tem assim um conjunto de medidas que foram feitas lá já nesse governo FHC”, disse.

No contexto das políticas de privatização e abertura de mercados, as alterações incluíram a demissão sem justa causa, eliminando mecanismos de inibição de demissão imotivada; uma legislação para favorecer cooperativas profissionais ou de prestação de serviços que permitiu trabalhadores desempenharem funções sem vínculo empregatício; introdução do banco de horas como alternativa ao pagamento de horas extras; e a remuneração com a participação nos lucros e resultados.

“É uma forma flexível de remuneração, porque a chamada PLR [Programa de Participação nos Lucros e Resultados] entrou e assim cresceu e hoje está aí naturalizada, mas ela substitui um ganho real, porque é uma remuneração flexível. Tem ano que o trabalhador recebe, e ele não incide outros direitos”, explicou.

De acordo com a socióloga, a reforma trabalhista ampliou a flexibilização de forma drástica. “Impôs medidas que dificultaram, por exemplo, aos trabalhadores o acesso à Justiça do Trabalho uma vez que estes passaram a ser obrigados a pagar as custas processuais”, avaliou.

Um ponto de destaque foi a prevalência do negociado sobre legislado, que definiu que os direitos seriam passíveis de negociação. “Na prática, isso corrói o direito do trabalho e coloca o trabalhador numa situação de a cada ano ter que rever sempre os direitos.”

A socióloga aponta que o trabalhador terceirizado tem uma pior condição de trabalho e de remuneração, a partir da lei de terceirização, editada pelo governo Temer em 2017. 

A terceira onda que trouxe mudanças profundas na legislação foi a reforma trabalhista, atrelada a um discurso de modernização e criação de empregos. “Eu lembro que a campanha, uma verdadeira campanha, trazendo a ideia de que a CLT era uma velha senhora de 70 anos que tinha que se modernizar e, na verdade, isso foi uma falácia, porque a CLT ao longo do tempo foi sofrendo algumas alterações”

“Ele faz uma reforma abrupta, sem discussão com a sociedade, alterou mais de 200 artigos da CLT. Introduziu, por exemplo, o trabalho intermitente, o contrato de trabalho por jornada, que na prática se constitui no contrato zero hora, no qual o trabalhador não tem garantia alguma de direito”, lembrou.

Além disso, a reforma trouxe o fim da ultratividade do acordo coletivo e condições que favorecem os acordos individuais entre patrão e empregado em detrimento das convenções coletivas.

“A gente retrocede a uma situação anterior à legislação e agora você tem todas essas empresas de plataforma digital, por exemplo, que dispõe de uma força de trabalho muito vasta e totalmente desregulada. Eles negam inclusive o estatuto de trabalhador para eles, que se nomeiam como ‘empreendedores’.”

Segundo Juruna, a reforma permitiu que os sindicatos e as empresas pudessem negociar condições de trabalho diferentes das previstas em lei, mas ressalta que isso não necessariamente significa um patamar melhor para os trabalhadores. Além disso, o fortalecimento dos sindicatos, importante para tal modelo de negociação, também foi comprometido.

“A reforma também tornou voluntária a Contribuição Sindical destruindo a sustentação financeira dos sindicatos. Após a reforma, o Dieese estimou que as entidades perderam, em média, 70% de suas receitas. Essas foram algumas das mudanças radicais que só beneficiaram as empresas em detrimento das trabalhadoras e dos trabalhadores, desvalorizando os sindicatos, as assembleias e, assim, diminuindo o poder de negociação”, disse. 

Para a desembargadora, esse ponto representa um retrocesso grave na garantia de direitos aos trabalhadores. “A reforma trabalhista transtrocou o locus da produção normativa, da regulação pública universal, deslocou as fontes desse sistema público de regulação para o encontro livre das vontades individuais, no suposto de que comprador e vendedor da força de trabalho são iguais e podem dispor sobre os seus direitos, que vão reger a compra e venda da relação trabalho.”

Com a fragilização da legislação trabalhista após as reformas, o mercado de trabalho tem ampliado a informalidade, a contratação via MEI [Microempreendedor Individual] e plataformas digitais, sem garantia de direitos. Foi o que aconteceu com a arquiteta Marina. Ao receber orientação da empregadora sobre abertura de empresa, foi informada de que, dessa forma, poderia prestar serviço para outras empresas. No entanto, decidiu consultar um advogado.

“Ele falou ‘olha, ela está fazendo isso porque sabe que dessa forma vai se livrar dos direitos trabalhistas. Ela vai poder dispensar você e você não vai poder recorrer”, disse a arquiteta.

Como não aderiu à PJ, Marina foi demitida e recorreu à Justiça. “Foi muito evidente que se tratava de uma covardia. De discriminar uma mãe. Na época, eu pesquisei sobre o assunto e fiquei assustada com os dados. As mulheres que retornam ao trabalho depois dos quatro meses de licença são dispensadas. Além disso, ela deixou claro que não queria pagar ‘por algo que eu fiz’ se referindo a licença [maternidade] remunerada.”

Apesar dos retrocessos apontados, Juruna acredita que ainda temos uma legislação trabalhista robusta. O empregado formalizado tem direito a férias, 13º salário, previdência social, seguro desemprego, salário mínimo, jornada de trabalho, hora extra, reajuste salarial conforme a convenção coletiva do sindicato, direito a sindicalização, justiça do trabalho.

“Vamos lutar para reverter vários direitos que foram subtraídos ou relativizados nos anos de desmonte. Já conseguimos derrubar no STF, através de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), a cláusula escandalosa da reforma trabalhista que permitia o trabalho de mulheres grávidas em locais insalubres”, relatou o dirigente sindical.

*Nome fictício pois a entrevistada preferiu não se identificar

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Indígenas são baleados dentro de terra yanomami; um morre

CAMILA ZARUR, RENATO MACHADO E LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Três homens yanomamis foram baleados na tarde do último sábado (29) na comunidade Uxiu, dentro da terra indígena, em Roraima, em um ataque que teria sido promovido por garimpeiros.
Uma das vítimas morreu após a ação. Os outros dois indígenas baleados estão sob atendimento médico.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu enviar para a região uma equipe com as ministras Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Nísia Trindade (Saúde).
“Com muito pesar soubemos do ataque a tiros de garimpeiros contra 3 indígenas Yanomami, 1 veio a óbito e os outros 2 estão sob atendimento em estado grave”, diz nota divulgada no início da tarde deste domingo pelos perfis de Guajajara e do Ministério dos Povos Indígenas no Twitter.

“Uma comitiva interministerial está a caminho de Roraima para reforçar ainda mais as ações de desintrusão dos criminosos”, acrescenta a publicação.

O comunicado também afirma que, mesmo com os esforços recentes do governo federal, “ainda faltam muitas ações coordenadas até a retirada de todos os invasores do território”.
A Secretaria de Saúde de Roraima informou que as duas vítimas que sobreviveram ao ataque foram transferidas ao Hospital Geral de Roraima. Segundo a pasta, o estado de saúde delas é considerado estável.

Elas foram identificadas como Venâncio Xirixana, que levou dois tiros no abdômen e dois na perna direita, e Otoniel Xirixana, que foi baleado no abdômen e na lombar. Os dois passarão por cirurgia.

A terceira vítima, que não resistiu aos ferimentos, é Ilson Xirixana, de 35 anos. Ele foi baleado na cabeça e morreu na manhã deste domingo (30), antes de ser transferido para a capital do estado. Ele atuava como agente de saúde indígena.
Segundo Júnior Hekurari Yanomami, presidente da associação Urihi e do Condisi-YY (Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana), esse é o segundo ataque à Terra Indígena Yanomami desde o início do ano e a troca do governo federal.

O primeiro, diz, foi no dia 23 de fevereiro, quando uma base federal instalada na aldeia Palimiú foi alvo de um atentado a tiros. No confronto, um garimpeiro ficou ferido e foi detido pela PF (Polícia Federal).

“Ainda há muitos acampamentos de garimpeiros escondidos pela região. Alguns deles ficam a poucos minutos de barco das comunidades indígenas”, disse Júnior Hekurari à Folha de S.Paulo.

Conforme o líder yanomami, os autores do ataque deste sábado são garimpeiros que ficam instalados próximos à comunidade Uxiu. O Ministério dos Povos Indígenas solicitou reforço do Ministério da Justiça para uma investigação da PF.

Em nota, a Polícia Federal afirmou neste domingo que tomou conhecimento de um “ataque que os indígenas teriam sofrido de garimpeiros” e disse que enviou duas equipes para apurar o caso na região.

De acordo com a PF, “indígenas teriam entrado em confronto e trocado tiros com garimpeiros”. A corporação também confirmou o registro de uma morte e de dois feridos.
“Durante as diligências, a PF apurou indícios dos crimes cometidos contra os indígenas, ouviu testemunhas, realizou perícia de local de crime e aguarda a elaboração dos respectivos laudos e relatórios para prosseguimento das investigações”, diz a nota.

“Outras diligências seguem em andamento para identificar, localizar e prender os autores dos crimes, enquanto as ações de desintrusão dos invasores das terras indígenas continuam no âmbito da Operação Libertação”, acrescenta a PF.

O ataque à comunidade Uxiu é o mais recente episódio de dificuldades envolvendo os yanomamis. Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde decretou situação de emergência para combater a falta de assistência sanitária que atinge o povo, após a verificação de inúmeros casos de desnutrição severa e doenças.

Na sexta-feira (28), Lula participou da cerimônia de encerramento do Acampamento Terra Livre, evento organizado por indígenas para a defesa de seus direitos constitucionais.
Na ocasião, o mandatário anunciou as primeiras homologações de terras indígenas e acrescentou que nenhuma deixará de ser demarcada até o fim de seu mandato, em 2026.

No mesmo evento, no entanto, lideranças também cobraram não apenas o cumprimento dessa promessa assim como mais recursos para a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). Servidores do órgão ainda levantaram cartazes cobrando um plano de carreira.

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Juiz sobre devolução de capivara Filó a influenciador: Seu quintal é a floresta

Para conceder guarda provisória de Filó ao influenciador Agenor Tupinambá, permitindo o reencontro entre o jovem de 23 anos e a capivara neste domingo, 30, o juiz Márcio André Lopes Cavalcante, da 9ª Vara Federal Cível de Manaus, considerou que o local onde o animal estava – o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) – contava com ‘irregularidades que colocam em risco sua saúde e sua vida’.

A avaliação se deu com base em laudo apresentado por Tupinambá à Justiça. O documento, assinado por veterinários, classificou como ‘inadequadas’ as condições a que foram submetidas a capivara no Centro de Triagem de Animais Silvestres. Márcio André Lopes Cavalcante determinou que o documento elaborado por veterinários seja encaminhado ao Ministério Público Federal para que sejam ‘tomadas providências’, considerando que há outros animais que ainda se encontram no Cetas.

De acordo com a decisão Tupinambá ficará responsável pela capivara até o desfecho da ação por ele impetrada na Justiça. Depois que a capivara retornar à casa do influenciador, ele deverá prestar informações à Justiça sobre a saúde do animal. Além disso, também terá de dar ‘livre acesso’ aos órgãos ambientais para fiscalização da capivara.

Ao conceder a guarda provisória, o juiz ponderou que a devolução da capivara ao antigo tutor é ‘medida plenamente reversível’. “Caso, ao final do processo, conclua-se que as condições em que o animal vive no centro de triagem do Ibama são melhores do que aquelas em que ele vivia, será possível o seu retorno ao Cetas. O que talvez seja irreversível será a manutenção da capivara no Cetas tendo em vista que, pelo relato da equipe técnica, existe concreto risco à saúde do animal”, anotou o magistrado.

Influenciador ‘vive na floresta’

No despacho assinado neste domingo, 30, o juiz Márcio André Lopes Cavalcante avaliou que o impasse envolvendo Filó ‘é fruto de um profundo desconhecimento da realidade do interior do Amazonas e de um choque cultural’.

Para o magistrado, o influenciador morador da zona rural do interior do Amazonas, ‘vive em perfeita e respeitosa simbiose com a floresta e com os animais ali existentes’.

“Não há muros ou cercas que separam o casebre de madeira do autor em relação aos limites da floresta. Os animais circundam a casa e andam livremente em direção à residência ou no rumo do interior da mata. Não há animais de estimação no quintal da casa do autor porque o seu quintal é a própria Floresta Amazônica. Percebe-se, portanto, que não é a Filó que mora na casa de Agenor. É o autor que vive na floresta, como ocorre com outros milhares de ribeirinhos da Amazônia, realidade muito difícil de ser imaginada por moradores de outras localidades urbanas do Brasil”, assinalou.

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Motorista atropela passeador e cinco cachorros em área nobre de SP

STEFHANIE PIOVEZAN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil procura imagens de câmeras de segurança que possam dar pistas do motorista que atropelou um rapaz e cinco cachorros na tarde da última sexta-feira (28), em Higienópolis, na região central de São Paulo.

O acidente ocorreu às 14h29, no cruzamento da rua Sabará com a avenida Higienópolis. Imagens da câmera de um dos prédios da esquina mostra o homem atravessando a rua com os animais na faixa de pedestres. Subitamente, o grupo é atingido por um carro cinza, e o motorista foge sem prestar socorro.

Ainda pelas imagens, o passeador cai e os cachorros se dispersam. Segundos depois, ele levanta e ajuda um dos cães, que chegou a ficar embaixo do veículo, a sair da rua.
Segundo o empresário Ricardo Sabatino Nogueira dos Santos, proprietário do hotel para cachorros que oferece o serviço de passeios, o homem não sofreu ferimentos graves. Já um dos animais, a cadela Maitê, precisou passar por cirurgia.

“O meu cunhado não se machucou muito, foi coisa simples. Um dos cachorros, o que o carro passou por cima, acabou de fazer uma cirurgia porque teve três fraturas na região da bacia”, contou neste domingo (30).

“Temos que aguardar para ver como vai ser a recuperação, mas vão ficar sequelas, infelizmente”, lamentou.
Santos registrou boletim de ocorrência e contou que os policiais estão à procura de mais filmagens. A expectativa é que, com registros de novos ângulos, seja possível identificar a placa do veículo.

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, o condutor que não presta socorro imediato à vítima ou que, impedido de fazê-lo, não pede ajuda da autoridade pública pode sofrer detenção de seis meses a um ano ou multa.

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